quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O deus zangado



"Um dos piores aspectos do cristianismo é que ele santifica medo, tanto pessoal como impessoal. O medo do inferno, o medo da extinção, temer que o universo não tenha propósito, é considerado uma emoção nobre, e os homens que se deixam dominar por tais temores, são considerados superiores aos homens que enfrentam o que é doloroso, sem hesitar. O homem que considera uma virtude temer a um Deus zangado, em breve, começará a ver a virtude em ser submisso à tiranos terrenos. No melhor caráter, existe um elemento de orgulho, não o tipo de orgulho que despreza os outros, mas do tipo que não é desviado do que ele acha que é o certo por pressão externa. O homem que tem esse tipo de orgulho vai desejar, na medida do possível, saber a verdade sobre assuntos que lhe dizem respeito, e vai sentir-se um escravo se, em seu pensamento, ceder ao medo. Mas esse tipo de orgulho é condenado pela Igreja como um pecado, e é chamado de "o orgulho do intelecto." Da minha parte, longe de considerá-lo um pecado, eu defenderia que seja uma das maiores e mais desejáveis das virtudes." (Bertrand Russell - "Understanding History and Other Essays" - 1957)

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