sábado, 26 de outubro de 2013

Psicanálise


Identificação Projetiva, Identificação Projetiva, Identificação Projetiva é sempre o que o paciente quer, repetição masturbatória com o objeto, ficar em sua zona de conforto... Cabe ao bom terapeuta/analista o retirar disso, mesmo ele insistindo em permanecer nesta posição maníaca...  (Fragmentos de minha aula de Orientação Psicanalítica em Melanie Klein) 

Ressalvo essa ideia com as palavra de Winnicott : "As pessoas muitas vezes perguntam se a psicanálise torna a vida mais fácil. Muito naturalmente elas desconfiam de qualquer coisa que afirme isso. A psicanálise, além de ser um processo doloroso em si mesmo, não altera o fato de que a vida é difícil. O melhor que pode acontecer é a pessoa que está sendo analisada vir gradualmente a se sentir cada vez menos à mercê de forças desconhecidas tanto internas quanto externas, e cada vez mais capaz de lidar à sua própria maneira com as dificuldades inerentes à natureza humana, ao crescimento pessoal e à gradual obtenção de um relacionamento maduro e construtivo com a sociedade."

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Pensamentos fatídicos


A sociedade caminha para uma paranoia coletiva. É muito certo ou errado para com tudo, as pessoas deixam de viver por razão de significar obsessivamente as coisas. O desejo é sempre o do outro, e não o meu. Somos escravos do estético para manter a autoestima, com um enorme medo de perder o reconhecimento. É quando a sombra do objeto recai sobre o ego.

Precisamos resolver nossos monstros secretos, dizia Foucault, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta. Não podemos nunca esquecer que os sonhos, a motivação, o desejo de ser livre nos ajudam a superar esses monstros, vencê-los e utilizá-los como servos da nossa inteligência. Não tenha medo da dor, tenha medo de não enfrentá-la, criticá-la, usá-la.

Segundo Lacan, não existe uma plenitude, e somos sujeitos, seres desejantes, destinados à incompletude! O prazer existe, porém, vem em parcelas, e, se queremos ser felizes, precisamos aceitar que somos incompletos, imperfeitos e aprender a desfrutar das "parcelas e porções de prazer" que a Vida nos oferece.

 Derrama o Id no Ego e afoga o Superego com VIDA!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Ser terapeuta...



Fazendo propaganda para a GNT, mas essa frase representa o momento em vivo hoje... O fato é que está cheio de "psicólogos" por aí, que não reconhecem isso, que fogem de seus eus e não se permitem, não é fatídico que a psicologia vive no clichê e enchendo linguiça com moralismos e falsas terapêuticas de auto ajuda, e quem paga o pato são os pacientes. Mas não generalizo, existe ótimos profissionais e fazem jus a seus diplomas, o complicado que uma maçã podre sempre apodrece as outras maçãs!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Modernidade

"Tenho lido os filósofos. São uns caras realmente estranhos, engraçados e loucos. Jogadores. Descartes veio e disse: é pura bobagem o que esses caras estão falando. Disse que a matemática era o modelo da verdade absoluta e óbvia. Mecanismo. Então, Hume veio com seu ataque à validade do conhecimento científico causal. E depois veio Kierkegaard: " Enfio meu dedo na existência - não tem cheiro de nada. Onde estou?". E depois veio Sartre, que sustentava que a existência é absurda. Adoro esses caras. Embalam o mundo. Será que tinham dor de cabeça por pensar dessa forma? Será que uma torrente de escuridão rugia entre seus dentes? Quando você pega homens como esses e os compara aos homens que vejo caminhando nas ruas ou comendo em cafés ou aparecendo na tela da TV, a diferença é tão grande que alguma coisa se contorce dentro de mim, me chutando as tripas." Por Bukowski: Trecho do livro "O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio".

sábado, 12 de outubro de 2013

Introdução à Psicologia: Um engano na Psicologia: a vitimização teórica

Rotineiramente influenciamos e somos influenciados por ideias e posturas muito poderosas. É um fenômeno comum, pois faz parte da condição humana e da sua dimensão sócio-verbal. Conversamos, opinamos, argumentamos, discutimos, agimos, expressamos e todo esse movimento gera consequências que reverberam nos outros.... Muitas dessas consequências, infelizmente, passam despercebidas por nós.

Encontramos exemplos dramáticos na história de povos e nações inteiras que foram arrebanhadas por indivíduos carismáticos que se utilizavam dos mais diversos meios de divulgação para propagar ideologias e atitudes que seriam, mais tarde, incorporados facilmente pelas pessoas sem estas nem ao menos atentarem de onde elas vinham, em que base sustentavam-se, quais os objetivos das pessoas que as disseminavam e principalmente quais as consequências que poderiam produzir.

Essas posturas podem, muitas vezes, não ter uma origem visível, mas há sempre indivíduos que se apoderam e passam a defendê-las com unhas e dentes justificando-nas de todas as formas para sustentá-las e cobri-las de um caráter lógico, racional, ético, moral e ás vezes até mesmo humanitário.
Nada muito diferente de uma pregação...

A Psicologia é uma área do conhecimento que está repleta de pregadores... Os pregadores não são ruins por natureza, mas simplesmente acredito que a Psicologia não deveria ser lugar para eles...
Poderia elencar aqui vários exemplos, porém irei deter-me num fenômeno historicamente recente que foi potencializado pelo aumento da diversidade teórica na Psicologia, pela pobreza intelectual dos estudantes e profissionais da área e pelo contato mais frequente entre estes proporcionado pelo aumento de eventos científicos e profissionais, como também pela maior utilização dos meios de comunicação como a internet e as redes virtuais de relacionamento (listas de discussão, Orkut...).

Cabe ressaltar que este fenômeno também tem suas bases na necessidade que muitos estudantes e profissionais da nossa área têm de tentarem construir uma identidade ou unidade – muitas vezes de forma ingênua – para a nossa profissão (uma tarefa dificílima, diga-se de passagem...).

A Psicologia é uma área do conhecimento muito ampla e que possui diversas orientações teóricas.
Cada orientação teórica possui um conjunto específico de pressupostos filosóficos e epistemológicos, metodologias de pesquisa, técnicas, protocolos de trabalho e até mesmo diretrizes políticas. Existem diversas orientações teóricas na Psicologia. Na verdade existem diversos conjuntos de orientações teóricas. Cognitivistas; Comportamentais; Humanistas, Psicanalistas e Sócio-Históricas podem ser considerados os principais conjuntos de orientações teóricas da Psicologia, apesar de existirem outros de menor expressão. Há divergências e divisões dentro desses conjuntos, mas há também semelhanças que por sua vez nos autorizam a agruparmo-nas em conjuntos.

As orientações teóricas dentro da Psicologia são tão numerosas que se formos levar em consideração todas as divisões dentro dos conjuntos já citados podemos afirmar tranquilamente que há várias centenas de orientações teóricas.

As diferenças entre os conjuntos de orientações teóricas são tão grandes a ponto de vários teóricos considerarem a existência de várias Psicologias e não somente de uma - afinal de contas cada orientação teórica afirma tomar para si o estudo de um objeto com características diferente dos demais objetos de estudo das outras.

O fenômeno ao qual me refiro desde o começo do texto e que está sendo incorporado no discurso de muitos estudantes e profissionais pode ser chamado de vitimização teórica.
Ela ocorre quando estudantes e profissionais de Psicologia passam a cobrar mais “escuta”, “respeito”, “sensibilidade”, “cuidado”, “aceitação”, “educação”, “assertividade” e menos “agressividade” e “autoritarismo” quando estão discutindo sobre diversas questões – principalmente questões científicas e aplicadas. Muitas vezes colegas que se empenham mais vigorosamente nas discussões são acusados de serem “autoritários”, “insensíveis” e tentarem “impor suas ideias”.

O grande problema existe porque quase sempre – ou sempre - a orientação teórica de um estudante ou profissional de Psicologia atravessa seu discurso - mesmo que isso não fique visível para ele mesmo - e esse processo gera conflitos filosóficos, teóricos e políticos inevitáveis (são os tais dos pressupostos epistemológicos, ontológicos e as posturas políticas que cada orientação teórica reflete e que inevitavelmente contaminam os discursos de cada um).

Esses conflitos teóricos, filosóficos e políticos, na maioria das vezes, são insanáveis e isso não significa – ou não deveria significar - “falta de respeito”, “falta de educação”, “autoritarismo” ou “insensibilidade”...

Claro que é obrigação de todos respeitarem e serem educados com os colegas de profissão, porém isso não significa em hipótese alguma que uma pessoa tenha que deixar de argumentar utilizando dados ou conceitos com receio de ofender o colega.

É essencial separar o “joio” do “trigo”: alguns são certamente mal educados, outros simplesmente defendem vigorosamente seu posicionamento e alguns exageram por não terem maturidade para discutir. Existem muitas diferenças!

Desde quando podemos comparar seres humanos a teorias?Desde quando podemos tratar posturas teóricas, filosóficas e políticas como se elas fossem pessoas? Desde quando devemos ser humanitários, bonzinhos ou respeitosos com posturas teóricas, filosóficas e políticas?

O fato de discordarmos da opinião de um terceiro não significa que este tenha o direito de tratar o fato como uma desavença pessoal. Isso só reflete uma imaturidade profissional.

O fenômeno da vitimização teórica é fruto de uma psicologização das discussões científicas: o afeto de alguns fica acima dos interesses de uma discussão bem embasada que pode proporcionar reflexões significativas ao grupo e avanços no conhecimento.

Nesse processo de psicologização das discussões científicas são eleitos “vítimas” e “criminosos”. Os primeiro tentam a todo custo defender a ideia de que alguns dos presentes devem ou deveriam ser mais “amenos” nas suas colocações ou argumentações. Como não conseguem, recorrem a pretensos valores éticos, humanitários, científicos e profissionais com o intuito de culpabilizar as pessoas que defendem vigorosamente suas posições ou “atacam” as demais.

“Atacar” posições teóricas de outros não é sinônimo de desrespeito ou autoritarismo. A história do conhecimento humano está repleta vigorosas discussões que foram trampolim para grandes descobertas e conceituações, mas a pobreza intelectual de vários estudantes e profissionais de

Psicologia impedem-nos de levarem isso em consideração... Simplesmente nunca tiveram contato com leituras direcionadas ao estudo da História da Ciência ou pelo menos do Conhecimento.

Ocorre também de muitas vezes recorrem à vitimização teórica porque simplesmente têm medo de exporem as fraquezas teórico-metodológico-práticas das orientações teóricas que "seguem". Não têm a capacidade de progredir nas discussões e criam escudos protetores como o da vitimização teórica.

Assim como o desrespeito e a agressividade, fenômenos como o da vitimização teórica são grande barreiras ao diálogo e ao desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão!