sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Misantropia

Eu não sou exactamente um misantropo, pelo menos não na sua definição etimológica, não odeio o Homem, antes pelo contrário, acho que somos uma espécie com demasiadas particularidades, e demasiado interessante para a odiar. Mas não sou definitivamente pessoa para me embrenhar nas relações humanas, não tenho fobia ás relações humanas, mas definitivamente não são para mim. Isto não significa que seja um amargurado, as desilusões que tive foram todas assimiladas do mesmo modo, raiva e explosão inicial, aceitação posterior, e por fim a indiferença. Toda a gente conhece pessoas de merda durante a sua vida, eu não sou excepção, e só tenho pena de rapidamente esquecer isso e nem uma ponta de ódio me sobrar, e por isso já não foi a primeira nem a segunda vez que foi fodido pela mesma pessoa uma e outra vez... Mas nem isso me aflige muito...
A minha questão é, e sempre foi a mesma, tenho uma necessidade quase patológica de solidão. Adoro o silêncio, adoro ficar acompanhado apenas e só pelos meus pensamentos, adoro fazer as coisas ao meu ritmo, adoro fazer apenas e só o que me apetece. Detesto a mediocridade, detesto a banalidade, detesto o carneirismo, detesto as modas, detesto o politicamente correcto, detesto gente sem a mínima personalidade. Detesto quem faz e diz apenas o que pensam que querem que façam e digam, detesto poses, detesto competições imbecis, sim... detesto o lado imbecil da Humanidade. E aí sim, sou Misantropo.
E porque isto tudo? Por um simples desabafo. A Humanidade não me detesta. Eu isolo-me, visto-me de forma a afastar as pessoas, sou frio, sou distante, inacessível... Gosto das pessoas, a sério que gosto, gosto das suas particularidades, gosto de as ouvir, gosto de falar com elas, gosto de discutir filosofias de vida. Gosto de uma boa piada, gosto de um copo partilhado, gosto de sorrisos sinceros e vazios, gosto de comprimentos de até outro dia, até à próxima, gosto de aprender, gosto de descobrir. Mas estou cansado... Estou cansado...
Quero estar sozinho, quero beber um copo em silêncio, fumar um cigarro em paz... Quero ser um vulto, negro, sozinho, não quero que ninguém me fale, quero uns dias assim... Não quero multidões, não quero que me venham falar de merdas que não tenho o mínimo interesse, não quero aturar as bebedeiras de ninguém, quero ser um fantasma. Não é a falar mal de ninguém, a sério que não. Se alguém que me conheça pensar que esta entrada é dirigida a alguém em especial, ou mesmo a ela própria acreditem que não é. Não estou de mal com ninguém, as pessoas com quem não quero falar digo na hora, conhecem-me, sabem disso. Mas estou cansado, gosto que me digam umas piadas, que se metam comigo, mas agora não, prefiro ficar aqui, longe, sozinho. Hei-de encontrar um bar ou café novo, para ir sem ninguém me conhecer, para ficar lá sozinho, beber o meu Carduh, fumar o meu cigarro, ler a Bola, beber um café... Afasto-me, em silêncio, como sempre o fiz, isolo-me, aguardo... Aguardo a Morte que um dia me encontrará, em silêncio, no meu canto, ninguém irá saber. Ninguém irá ao meu funeral. Ninguém irá derramar uma lágrima, irão talvez beber um copo em minha memória, irão sorrir e esquecer-me... Serei um nada, um nada que já sou, serei um fantasma, o fantasma de mim mesmo...

Almahperditae

domingo, 25 de dezembro de 2011

inFELIZ NATAL

Saindo para uma fatídica caminhada reflexiva e ao analisar os enfeites de natal que decoram 95% das casas de minha cidade, cheguei a um pensamento, que traz um pouco de verdade, mas que também é um pouco obsoleto e irônico: “Papai Noel nada mais é do que Jesus transvestido de palhaço, praticando subliminarmente assim uma parodiada pedofilia abstrata, passando uma mensagem eterna que é típica da cu...ltura “natalina”, de anti-educação, baseando-se em redes de chantagens progressivas e ilusórias para as crianças. Cristianismo é uma bosta, e Natal é fruto desta bosta, se você criança desse mundo não se comportar o ano inteiro, não ganha presente no Natal, e com o cristianismo é a mesma coisa, se não acreditar em “deus” não terá no fim da história a recompensa, que é o “paraíso”. Capitalismo e Cristianismo fabricam o “natal” que nada mais é um comércio regido por um “espírito” de sentimentos efêmeros e hipócritas que são facilmente comprados com presentes que vêem do saco de um “jesus” pintado de vermelho.”

Henrique Mohr