segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O MEDO NEURÓTICO


O medo mórbido e paralisante do neurótico é uma reação
desproporcional em referência ao estímulo, seu medo é apenas
atualizadora “realidade”, não é causado pela mesma. O indivíduo normal
teme reativamente, ou seja, não teme compulsivamente, seu medo,
por ser proporcional ao perigo imediato, acaba onde começou. 
Interessantemente, para a Psicanálise, nosso contato com a existência
é fortemente marcado pelo medo. Sentir medo, neste caso, está
intimamente ligado ao nosso ato racional discriminativo.

O medo neurótico, bem diferente dessa ativação discriminativa,
é irracional. Assim, o conteúdo de tal medo é sempre
uma “mescla” de sentimentos, por isso, o senso discriminativo
é praticamente anulado.

Uma pessoa normal, embora sofra os muitos medos culturais,
potencializa sua coesão egoica em defesa de sua vida. Sua capacidade
interna é usada na superação das dificuldades existenciais.

Diferentemente, o neurótico se perde em seu sofrimento. É muito
comum o indivíduo neurotizado idealizar a “morte” como uma solução
para os problemas da vida, na neurose sempre existe uma discrepância
entre a potencialidade interna e as realizações do sujeito.

As defesas normais do ego visam elaborar uma nova maneira
de se relacionar com a existência. São em si o germe de um novo
momento, de um novo contato com o real. O que chamamos de
“defesas maníacas” se prendem ao antigo, levam o neurótico novamente
ao passado. Infelizmente, ao invés dessa viagem regressiva
reorganizar a vivência presente do sofredor, só o leva a sofrer
pela “segunda vez” aquilo que sofreu no passado.

Frente a essas diferenças básicas entre o normal e o anormal,
a Psicanálise considera a neurose como uma forma mal sucedida de desenvolvimento.
O neurótico evolui em seu quadro deletério, porém, paradoxalmente,
não se desenvolve como ser humano.


Texto extraído do livro Revisitando Freud:
As interfaces contemporânea da Psicanálise.

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