sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O arquétipo da Loucura no personagem do Coringa no filme: “The Dark Knight” (2008).



Resumo

O presente artigo é uma proposta de análise do personagem do Coringa em The Dark Knight (2008) à luz do arquétipo do louco, partindo do que é apresentado por Sallie Nichols (1908-1982), no livro “Jung e o Tarô: uma jornada arquétipa”. Ao longo do texto, abordou-se a evolução do personagem tanto nos HQ’s quanto no cinema, assim como sua função na conflitiva herói vilão na história do Batman, mostrando as principais cenas e momentos que tiveram relevância na construção da persona de louco no vilão. Conclui-se a discussão trançando um panorama da função do vilão no universo das HQ’s bem como do seu real propósito para a vilania.

PALAVRAS-CHAVE: Arquétipo, Loucura, Coringa.


Introdução

Joker (Piadista, na tradução), ou Coringa, é um dos principais e mais famosos vilões da HQ’s do Batman. O personagem sempre fez sucesso entre os leitores de HQ, mas caiu mesmo no gosto popular com a interpretação de Heath Ledger em “The Dark Knight” (2008). O longa dirigido por  Christopher Nolan, nos apresenta uma leitura mais realista, psicótica e cruel do personagem.

A leitura de Nolan, traz uma vertente mais relista das HQ’s, o que proporcionou uma maior identificação com os personagens da saga (EYGO, 2013). Nessa nova versão cinematográfica quase podemos nos ver no personagem, e talvez seja este o diferencial que atraiu tanto a atenção do público nessa franquia.

Por meio dessa projeção de nosso Eu na personalidade doentia do palhaço, trazemos à tona características particulares de nossa psiquê até então negligenciadas (EYGO, 2013). A conscientização dessas características tão nossas, ou que almejamos serem nossas, nos permite perceber aspectos desconhecidos de nossa própria personalidade, auxiliando no autoconhecimento.

Em realidade, a projeção acontece de forma tão contínua e inconsciente que costumamos não dar atenção de que ela está acontecendo. Não obstante, tais projeções são instrumentos úteis à conquista do autoconhecimento. Contemplando as imagens que atiramos na realidade exterior, como reflexos de espelho da realidade interior, chegamos a conhecer-nos (NICHOLS, 1997, p.20).

Não há consenso na história, e nem no surgimento do personagem do Coringa. Sua primeira aparição nos quadrinhos foi na revista Batman nº1 de 1940. O personagem teria sido criado por Bill Finger (1914 – 1974) co-criador e roteirista do Batman. Finger teria se  inspirado em uma foto de Conrad Veidt no filme “The Man Who Laughs” (1928).

O passado mais aceito, e popularmente mais citado vem da HQ: “A Piada Mortal”, editada por DC Comics em 1988. A edição especial traz um Coringa assombrado pelo seu passado, e disposto a provar a qualquer custo, que a loucura está ao alcance de todos os homens. Nas falas do próprio personagem: “A loucura é à saída de emergência” de nossa sanidade (Batman [DC Comics], 1988).

Nessa edição, nos seus vários flashbacks, o Coringa aparece como o saqueador conhecido como: Capa Vermelha, que na tentativa de dar uma vida melhor à esposa grávida, planeja assaltar a fábrica de cartas de baralho onde trabalhou. O vilão seria originalmente um engenheiro em uma fábrica de produtos químicos que, ao perder o emprego, tenta a vida, sem sucesso, como comediante. Enquanto planeja o assalto, ele é informado pela policia que sua esposa gravida morre em um acidente doméstico. Desolado, o vilão prossegue com a ideia do assalto, mas ainda sem muita experiência, acaba sendo flagrado no ato e, num rápido confronto com o Batman, cai no tonel de produtos químicos. Todos acreditam que Capa Vermelha teria morrido no incidente, mas ele reaparece saindo da água, já com a pele branca e cabelo verde, sendo o Coringa.

Contudo, essa teoria é desacreditada pelo próprio palhaço, quem em uma das falas afirma não ter certeza quanto ao seu passado, nem de como teria se tornado o coringa: “Se eu vou ter um passado, prefiro que seja de múltiplas escolhas.” (Coringa – A Piada Mortal – DC Comics, 1988, p 40).



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