quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Porco-espinho/Homem...


Um grupo de porcos-espinhos
num frio dia de inverno
se aglomerou para, através do aquecimento
recíproco, não morrer de frio. Contudo, logo
começam a sentir os espinhos uns dos outros, o que
os leva então a se afastarem novamente. Quando a
necessidade de aqueciment
o os aproxima mais uma
vez, repete-se aquele segundo
infortúnio. Neste vai-
e-vem em meio aos dois sofrimentos, seguem até
encontrarem uma distância segura entre eles, na qual
podem melhor suportá-los. Do mesmo modo os
homens são impelidos uns aos outros pelas
necessidades da sociedade, de cujo seio surgem o
vazio e a monotonia. Entretanto, suas
particularidades assaz desagradáveis e defeitos
insuportáveis os afastam mais uma vez. A distância
mediana ao fim encontrada,
na qual podem se reunir,
são a polidez e os bons co
stumes (...) Quem no
entanto tem muito de seu calor interno prefere ficar
longe da sociedade, para não ser incomodado e não
causar incômodo. 
Arthur Schopenhauer (Parerga e Paralipomena II)

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