sábado, 30 de abril de 2011

Vícios de Covil...

O meu olhar entende o vosso olhar fatal,
se bem que o meu sentir, espavorido, fuja
desse perverso olhar, desse clarão que suja as almas
e envenena a flor do ideal...


Que vós não tendes na alma, apunhalou-a o vício
nas cenas do deboche, às horas dos anseios...
Da muito que o amor fugiu dos vossos seios,
e o vosso amor da agora é um amor de ofício!


Por toda a parte encontro a vossa graça espúria
no mesmo tom banal de gestos imprudentes.
Abrindo a suja boca em risos indecentes,
para a fechar em beijos de luxúria!


O vosso ar ilude, o vosso busto chama,
escandalosamente, o vosso todo atrai...
Porém a sedução a breve trecho cai,
porque lhe falta a graça ingénua de quem ama...


Ou seja numa alcova ou seja num casebre,
o vício bestial, ó pálidas estátuas,
depois de vos gozar numas carícias fátuas,
concedo-vos somente as podridões e a febre.


Desenha-vos na face, encerra-vos na testa,
as rugas que colheu nas noites mal passadas.
E vai por essa vida a rir às gargalhadas,
do lívido desdém da rara gente honesta...


Não pára um só momento, abrange o mundo inteiro.


Amores De Ofício
Acceptus Noctifer

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