sábado, 30 de abril de 2011

Sonhos De Cadáver...

Órbitas sem olhos, lâmpadas sem luz,
maxilas cor d'âmbar, frias como o gelo,
faces descarnadas, crânios sem cabelo,
formas onde a carne se desfez em pus
despiu-nos a terra o tórax e os diversos membros.


Das bocas sem lábios sai-nos uma trova,
que é como um punhal esfarrapando a pele.
A desoras, quando treme o arvoredo,
e o silêncio esmaga as fortes ventanias,
no baile macabro damos as mãos frias
e vamos dançar cançoes ao luar.


E quem sabe lá, profunda noite escura,
as voltas que demos quando ainda não
tínhamos descido à negra vala impura.


Ai quem sabe lá! Que a vida é enigma
aonde entramos rindo sem pensar na seca vida...
Vale mais morrer, que a morte é a saída...
dessa pena injusta, desse infame estigma.


Desse imundo charco...
A dor e a angústia, o desengano e a febre,
o ouro de um palácio e a fome de um casebre...
Que para ver males é que nós nascemos
pelas podridões dos bacanais devassos,
onde o vício bebe por lascivas taças,
o veneno um que nos estraga o sangue.


Amores De Ofício
Acceptus Noctifer

Nenhum comentário:

Postar um comentário