terça-feira, 24 de setembro de 2013

Corpo...


Nosso corpo faz parte da construção dos sintomas, do sofrimento psíquico sempre expresso também através do corpo, um corpo erógeno, sempre marcado pela presença de outro humano, desde o nascimento.


Do corpo pulsional, erógeno, nos chegam solicitações extremas, empuxos à satisfações chamadas pulsionais (e, não, instintuais, apenas), para as quais o Eu tem que encontrar uma saída, mediando entre as exigências pulsionais que nos vem desde nosso interior, e aquelas vindas do meio, das regras de convivência social, do que nos dita a sociedade e suas leis. Num mundo onde o que é propriamente socializante não mais vigora como tal, deixando cada um à deriva quanto as suas pulsões, o corpo erógeno perde seus limites.

 Quando não podemos mais contar com a mediação vinda desde o Eu, em suas necessárias relações com o meio cultural em que vivemos, a única saída para as tensões pulsionais torna-se fazer o corpo sofrer, na tentativa de fazer parar o sofrimento que incide sobre o Eu. 

O corpo erógeno, pulsional, necessita do meio para poder fazer sintomas, como apelos a uma nova forma de satisfação que não prejudique nem ao Eu nem ao meio; o corpo erógeno, pulsional necessita do outro para encontrar um caminho de satisfação que não prejudique nem ao Eu nem ao meio. Estamos condenados a lidar com nosso corpo e a produzir encontros que nos permitam mediar o que emerge do corpo como demanda imperiosa de satisfação, às expensas da vida e da sobrevivência psíquica do sujeito. 

A pulsão só busca satisfação, a qualquer preço. O humano é, inevitavelmente, convocado a ser mediador de si mesmo. Do interior pulsional, ninguém pode fugir. 


(Evelin Pestana, Casa Aberta - Página, Psicanálise, Artes, Educação).

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