sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sou...

Nenhum homem é uma ilha
nenhuma ilha é um indivíduo
a mente única compartilha
o todo, a parte e o resíduo.

Sou, em minha estrutura orgânica,
ruído disperso, incompreensível
porém parte da melodia harmônica
da orquestra holística indivisível.

Cresço, enquanto fruto do meio.
Da sociedade sou lixo e enfeite,
paradoxalmente eu ofereço o seio
e me alimento de meu próprio leite.

Da mão, sou o dedo em riste.
Da humanidade, simples rascunho.
No entanto, enquanto o todo existe,
faço parte do forte punho.

Minha voz é murmúrio equivocado
enquanto grito só e a esmo.
Unida a outras é forte brado,
sendo assim, sou eco de mim mesmo.



Mauro Gouvêa

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